Autor: Hernandes Fernandes Havishe
Um grito ecoa em meio
ao caos harmonioso, Sacoleiro! Sacola! O vendedor de frutas grita. Eis que aparece
um garoto do meio da multidão.
- Não disse seu João,
que era só gritar?
- Não é que ele veio mesmo?
- Não é que ele veio mesmo?
- Tá aqui, senhor!
Sacola – já abrindo a sacola – Sacola boa, pode levar, é garantida.
E o vendedor de frutas com
o lote da promoção na mão, aguardando o desenrolar da negociação.
- Vai levar senhor? –
pergunta o garoto para o freguês.
- E quanto é?
- É só dois reais.
- Dois reais!? Tá muito
caro.
- Não tá não senhor,
veja o modelo, olha essa costura, é reforçada, feita pra aguentar peso. Dá pra
levar a feira inteira.
- Não, só dou um real.
- Um real não dá meu
patrão, não sou eu que faço, já pego de uma senhora que mora perto de casa e é
amiga de minha mãe, eu vendo só pra ajudar a pobre senhora.O marido dela morreu
, ela é costureira e faz essas sacolas pra eu vender. Taí, nem eu nem o senhor,
deixo por um e cinquenta.
- Tá bom. Vou dar um e
cinquenta. Mas, que tá caro, tá caro.
- Obrigado senhor. O
senhor fez um ótimo negócio. Muito obrigado. Que Deus lhe abençoe. Até a
próxima.
O vendedor colocou as
frutas na sacola, seu João pagou e saiu pela feira do ver-o-peso para
aproveitar o resto da xêpa.
O sol a pino, quase uma
hora da tarde...
Ouvia-se longe – Olha a
sacola! Reforçada, só um e cinquenta! O marido morreu e a viúva mandou vender
barato! Aproveitem é a última.