quinta-feira, 11 de maio de 2017

O menino das sacolas

O Menino das Sacolas                        

Autor: Hernandes Fernandes Havishe




Um grito ecoa em meio ao caos harmonioso, Sacoleiro! Sacola! O vendedor de frutas grita. Eis que aparece um garoto do meio da multidão.
- Não disse seu João, que era só gritar?
- Não é que ele veio mesmo?
- Tá aqui, senhor! Sacola – já abrindo a sacola – Sacola boa, pode levar, é garantida.
E o vendedor de frutas com o lote da promoção na mão, aguardando o desenrolar da negociação.
- Vai levar senhor? – pergunta o garoto para o freguês.
- E quanto é?
- É só dois reais.
- Dois reais!? Tá muito caro.
- Não tá não senhor, veja o modelo, olha essa costura, é reforçada, feita pra aguentar peso. Dá pra levar a feira inteira.
- Não, só dou um real.
- Um real não dá meu patrão, não sou eu que faço, já pego de uma senhora que mora perto de casa e é amiga de minha mãe, eu vendo só pra ajudar a pobre senhora.O marido dela morreu , ela é costureira e faz essas sacolas pra eu vender. Taí, nem eu nem o senhor, deixo por um e cinquenta.
- Tá bom. Vou dar um e cinquenta. Mas, que tá caro, tá caro.
- Obrigado senhor. O senhor fez um ótimo negócio. Muito obrigado. Que Deus lhe abençoe. Até a próxima.
O vendedor colocou as frutas na sacola, seu João pagou e saiu pela feira do ver-o-peso para aproveitar o resto da xêpa.
O sol a pino, quase uma hora da tarde...
Ouvia-se longe – Olha a sacola! Reforçada, só um e cinquenta! O marido morreu e a viúva mandou vender barato! Aproveitem é a última.






  

sábado, 18 de março de 2017

Meninos, Mangas e Mangueiras

Meninos, Mangas e Mangueiras.

Autor: Hernandes Fernandes Havishe


Menino de rua
Verdade
Nua e crua

Vara cutuca
Comprida
Pega manga pituca

Sobe, que é melhor
Sacode,  pisa
O Galho, à guisa
Pra não estragar o sabor

Joga o bode, xinga
Na sarrapilheira mete o braço.
Ele é bom de ginga
Tudo pega

Sem ferida, casca limpa
Que sarrapilha, que nada
Modernidade, ráfia, desfiada
Melhor troco, na feira, garimpa

Verde com sal
Piturisca, assim é legal
Corta, fatia, talha
Amarelinha, navalha

Menino de rua
Manga, esse é teu almoço
Chupa a manga, deixa nua
Até o caroço.

Lambuza, passa a mão na roupa
Idéia louca
Toma banho, usa da praça os chafarizes
Meninos, mangas, mangueiras, felizes.




sexta-feira, 10 de março de 2017

Fragmento de um conto ...


Ida de Ignácio ao banco

    Era uma manhã de sol, o movimento do centro comercial começava a esquentar. Os transeuntes passavam se olhando no vidro espelhado do banco, arrumando os cabelos, ajeitando a roupa, verificando se estavam prontos para enfrentar mais um dia de trabalho.

     Uma sensação gostosa tomava conta do senhor Ignácio Catanduva. A delícia de se sentir um cliente VIP, daqueles que tem bala na agulha, o poder proporcionado pela  acumulação monetária, que originou a frase que um dia falou Ignácio: “Quando você não tem dinheiro você espera pelos outros, mas, quando você tem dinheiro os outros esperam por você.”  Dito e feito, não eram oito horas e o gerente já estava a postos, aguardando pelo ilustre cliente de longa data.

- Bom dia senhor Ignácio. Que bons ventos o trazem? Quanto tempo.

Autor: Hernandes Fernandes