Radicada
em Brasília, Michelle Cunha estampa a edição comemorativa de 20 anos da linha
Ekos – castanha do Pará
“Exagerada. Colorida. Vibrante. ” Para Michelle Cunha, artista
visual, ilustradora, muralista e arte educadora, só há – desde que entendeu que
a vida era arte e a arte, sua vida – essa forma de enxergar o mundo. Com uma
influência inconfundível do calor alegre e festivo de sua terra natal, o Pará,
Michelle acaba de se tornar a primeira artista nortista a ser escolhida para
ilustrar uma linha de produtos da Natura. O trabalho da paraense radicada em
Brasília chamou a atenção da empresa, que enxergou em seus traços exatamente
aquilo que buscavam para representar a edição comemorativa de 20 anos da Natura
Ekos, marca que é símbolo da conexão com a Floresta Amazônica.
Trabalho
feito à mão
Para celebrar as duas décadas de existência, produtos da linha
Castanha (hidratante, sabonete líquido para as mãos, creme para as mãos e creme
para os pés) terão uma embalagem comemorativa criada por Michelle. Segundo a
artista, que foi escolhida entre dezenas de profissionais, o processo foi longo
e gratificante. “A princípio queriam que eu fizesse algo digitalizado”, lembra
Michelle, “mas o meu trabalho é com tinta e foi com esse trabalho que eles se
identificaram, então fiz questão de pintar cada esboço. Foi uma trabalheira,
pois cada alteração que me pediram eu tinha que redesenhar tudo, então foram
dezenas de ilustrações, mas fiquei muito feliz com o resultado final”, conta a
paraense.
Mulheres
Artistas
Michelle comemora o reconhecimento não apenas no que diz
respeito à sua trajetória profissional, mas também como um marco simbólico para
dar visibilidade à arte e também às mulheres artistas da região Norte. “É
bastante gratificante e simbólico para mim ser a primeira artista paraense que
desenha para essa linha de produtos com insumos da Amazônia˜, diz. “A Natura
está há 20 anos na região Norte coletando os insumos da Amazônia e nunca uma
artista de lá havia sido convidada para fazer esse trabalho, então é uma
questão de representativade e visibilidade. É uma porta que demorou, mas que
finalmente se abriu não só para mim como para outras manas artistas paraenses.
Por mais visibilidade e reconhecimento de que existimos, produzimos coisas
maravilhosas e resistimos sendo mulheres artistas da Amazônia”, celebra.
Sobre
a artista
Michelle nasceu em Belém e cresceu na cidade de Marituba, em uma
rua que terminava em um rio, brincando na mata. Essa experiência, tão
profundamente associada à natureza, marca seu trabalho. Em suas palavras, ela é
“uma artista mulher da Amazônia”. Ela expressa sua origem com cores fortes e
gestos exuberantes. Seja em telas, desenhos, seja em grafite. Michelle é também
arte-educadora e ministra oficinas para crianças e adultos no interior do Pará
através do projeto voluntário que coordena – Oficinas de Grafite para Mulheres,
iniciado em 2012 e que capacita mulheres com o objetivo de ajudar no “empoderamento”
de outras artistas. Aos 17 anos abandonou o curso de pedagogia para se dedicar
a arte, quando passou a frequentar a Fundação Cultural Curro Velho, em Belém.
Em 2006 mudou-se para Brasília e começou a cursar faculdade de artes plásticas.
Na capital, descobriu o grafite como linguagem e a ilustração como um caminho
para a sustentabilidade. Michelle tem entre seus temas mais recorrentes o
universo feminino, a natureza (flores, pássaros, corujas, peixes) e cores
vibrantes, ao que ela atribui à visualidade amazônica.
Blog
Edgar Lisboa
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